Porque
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Sophia de Mello Breyner,
“No Tempo Dividido e Mar Novo”, Edições Salamandra, 1985, p. 79
Para o BBBu incansável, corajoso e ousadamente intolerante...
1 commentaire:
Comuna!!! :)
Este poema cantado deu uma das mais fantásticas músicas que conheço, na voz do António Augusto...
A minha costela de revolucionário esgota-se aí mesmo, onde a fronteira entre a liberdade e a acção está: na linha da frente, pela caneta de Sophia...
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